segredos

irrito-me!!

com o vazio ao meu lado...

com o teu silencio...

com os disparates proferidos entre nós...

com a vontade de te querer...

com a saudade que me aperta o coração...

com as lágrimas que me correm pela cara...

simplesmente me irrito...
porque me vejo prepotente perante tudo o que sinto!

huuummm...

...adoro a maneira como me despes com os olhos!

cumplicidade

fecho os olhos enquanto te sinto por entre os meus braços, um poema que imagino à noite no meio dos lençóis.
quisera eu trincar-te os sonhos. quisera eu, que o mundo não tivesse pontos de interrogação, que o mundo não tivesse portas e que fosse como uma bola-de-sabão.

pudesse eu pôr os meus pés em cima dos teus, sentir os teus pés por debaixo dos meus, desequilibrar-me, tropeçar, cair, pudesse escorregar pelas tuas pernas e beijar os teus pés com os meus...

existem dias, em que por muito que nada tenha, parece-me que tenho tudo.

eu...

penso...

sinto...

sonho...

mas nada disto faz sentido sem ti!!!

espaço reservado

como é bom sentir-te a pele fresca e macia ao desenhar com a minha mão o teu corpo.

no fundo de mim, no fundo de nós... descubro um sossego manso e terno.

mesmo quando não te vejo, quando não oiço a tua voz, mesmo quando não sinto o teu cheiro, deslumbro-me, com o rasto sinuoso dos teus passos invisíveis que sinto dentro de mim.
não sei se fale dessa janela rasgada em que partilho o silêncio que me leva ao lugar onde me aconchego.

fecho os olhos, acendo estrelas cadentes e desbravo corredores no escuro.

«o beijo»

congresso de gaivotas neste céu

como uma tampa azul cobrindo o Tejo.

querela de aves, pios, escarcéu.

ainda palpitante voa um beijo.

donde teria vindo! (Não é meu...)

de algum quarto perdido no desejo?

de algum jovem amor que recebeu

mandado de captura ou de despejo?

é uma ave estranha: colorida,

vai batendo como a própria vida,

um coração vermelho pelo ar.

e é a força sem fim de duas bocas,

de duas bocas que se juntam, loucas!

de inveja as gaivotas a gritar...

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

reti...

não me toques!!

a confusão à nossa volta não me permitiu entender.

segredaste ao meu ouvido...

não me toques...

os teus olhos finalizaram a frase...
sente só!!!

entrelaçamos as mãos sem tocar...

beijamos-nos sem a boca...

abraçamos-nos sem o corpo...

acariciamos-nos... só com o sentir!!!

foi mais uma das nossas noites...

... cheia de momentos especiais.

cinco sentidos

este silêncio é como o suspiro de um pensamento em branco quebrando com o peso imensurável de todos os vazios, quando abro a porta de casa.
um sentido disperso, tresmalhado, alheio aos tumultos e batimentos apressados do coração.





a mão no peito para sentir, a mão para medir, a mão confrontando e consolando o sorriso e a solidão.
a mão sem sentido para socorrer preces que surgem abafadas pelo silêncio.
percorrer a pulsação.
o ostinato dos pensamentos em ritmo de bossa nova.
a luz estanque.
pausa no encadear de ideias que persisto em querer deixar marcadas numa tua vida.
as mesmas palavras.
uma nova ordem nas palavras que quero dar.
a memória descarrega imagens em perspectivas privadas e abstractas.
o sol escorregou em câmara lenta na trajectória impotente do céu morno sem saber como regressar.
recolheu e ordenou os pedaços rasgados do passado.
e respirou com um só sopro.
entrou em casa e fechou a porta.

um enorme segredo...

o que está aqui escrito?
- um sorriso salgado!

não sei de onde vieram as palavras, não sei de onde surgiu o motivo, não sei quando irei le-las...

sei que estão no sítio certo!

deslizo...

se soubesse ser EU sem me doer, os nossos sentidos...
desvanecer-se-iam...
em palavras.

reflexos

olhamos para este nosso espelho de cristal e sentimos cada palavra.
recordamos cada momento e ansiamos sempre pelo próximo.
racionalizamos...
mas são meras tentativas fúteis...
pois acabamos por nos abandonar à evidência da ausência da razão.


por vezes nos vazios preenchidos com o sentir...
atormentamo-nos com as palavras!
somos tolos...
pois sabemos no nosso íntimo que basta fechar os olhos...
e nada mais importa!
este nosso espelho de cristal é frágil...
não pela força que nos une...
mas pela ausência do teu sorriso
e pela falta de sal nas minhas palavras.
mas sei que um dia... sabemos ambos...
refletirei o teu sorriso...
e tu... o sal que me suaviza a pele!

noites brancas

não cheguei ao fim da queda... não sei se há fim.
há sempre uma força que me segura, suga e traz-me de volta, sem palavras para compreender, cheia de gestos que não tenho quem entenda, só tu.

as palavras são as possíveis, para contar como é aquela luz, aquele som, aquele cheiro... aquele toque.

quando acaba cada experiência a que eu chamo de sonho, conforme calha à minha língua entorpecida, sinto, intimamente, que estive no limiar de dois mundos que se unem, no limiar do "nosso" mundo... não sei se há fim.

essência

- fechas os olhos quando me beijas?

- eu beijo-te, quando fecho os olhos...

dançamos

sentes os meus olhos despirem-te...

ignoras o cair da roupa no chão frio da cozinha...

continuas a preparar o jantar...

ainda não estás à vontade...

pediste-me para parar como a dizer-me:
"vem! quero-te! agora..."

agarrei-te com força, puxei-te para mim, parecia que os nossos corpos se iam fundir um no outro!

aproveitamos todos estes "nossos" momentos de prazer, todos eles... únicos.

fantasmas

qual sombra entrei no teu mundo...

qual brisa entraste em mim...

no entanto, somos seres invisíveis,

de mundos distantes.

estações opostas...

aparentemente impossíveis de se tocar!

mas quando abrimos os braços...

viajamos um no outro!!
por onde há muito pouco a dizer...
não são precisas as palavras...
simplesmente: SENTIMO-NOS!!!!

cubo de gelo

descobriste-me! "solidificada" como um cubo de gelo.
sinto-te cada vez mais exposta ao calor...
ao calor de um sonho, ao calor de um sorriso, ao calor do silencio...

as camadas que ora vão derretendo ora vão sendo repostas, são cada vez mais frágeis, lascam com maior facilidade, com a facilidade que me permite sentir os bocados que derretem...

saboreio uma a uma as gotas que caem sobre os meus lábios, as gotas que mesmo no silêncio gélido da tua ausência permanecem coloridas na minha boca à espera de um beijo... do nosso beijo.

doce tortura

no desassossegado sossego espero.
espero mais um momento...
olho o relogio e confio...

fito o rio...

deixo-me navegar nos seus braços...

até chegar mais uma vez aos teus!!!

z

"afasta-te" um pouco, com sentido no olhar, "vira as costas", sente-me mesmo na distância de um desejo, no prazer de nos sentirmos na pele, na vontade de me "teres" perto de ti, em ti.

quadro de loucura

as minhas cores entraram no teu quadro

as tuas no meu...

mas há momentos em que não são só as cores que partilhamos...

mas a propria tela!!

parabéns, meu Principe Louco!!! gosto muito de ti!!!